Não sou um bom jogador de xadrez.
Tenho alguma habilidade em fazer algumas jogadas, mas invariavelmente fico entediado pois minhas aberturas de partidas são praticamente sempre as mesmas e depois acabo sendo traído pela distração da minha mente em não cuidar para que todas as peças do tabuleiro estejam resquardadas de movimentos imprudentes.
Todavia sei o que é um xeque-mate, e logicamente penso que é possível se chegar a uma armadilha conceitual de onde não há saída e não há respostas a não ser dizer: Reconheço que fui vencido, estou diante de um xeque-mate.
Mas se alguém achar que o xeque-mate que aqui apresento não seja de fato um xeque-mate, então poderá me escrever um e-mail e me apontar a suposta saída para tal questão lógica.
Dou-lhes o benefício da possibilidade em eu ser cego para tal suposto brilhante movimento.
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A Escritura nos apresenta um Deus soberano.
"Nele... Daquele que FAZ TODAS AS COISAS, segundo o conselho da Sua vontade." Efésios 1.11
Este Deus soberano sabe todas as coisas, está fora da linha do tempo, o próprio tempo é um elemento criado para existir e dar sentido a este universo.
Deus então conhece todas as coisas passadas, presentes e futuras.
"... maior é Deus do que o nosso coração, e CONHECE TODAS AS COISAS." 1 João 4.20b
A própria noção de tempo é uma espécie de "ilusão de ótica" criada por Deus para nos dar a sensação de existência, da realidade e para que pudéssemos conhecê-lo como Ele parcialmente é.
Gosto da brincadeira que ridiculariza o tempo da seguinte forma:
O passado é algo que não existe mais, passou...
O futuro é algo que ainda não existe, é futuro...
O presente é uma linha que caminha transformando o que não existe (o futuro) em outra coisa que igualmente não existe (o passado).
Como o que não existe (futuro) não pode ser transformado em outra coisa que não existe (o passado), logo o próprio presente também não existiria...
Logo, o presente seria um truque ou uma espécie de ilusão, e nos é ofertado (presenteado) em forma de "slow motion" (bem devagarinho) para que tenhamos uma sensação, consciência e certeza de existência.
Continuemos a brincadeira mais um pouco.
É certo para você que o segundo que passou não existe mais, passou...
É certo para você que o segundo que ainda não ocorreu do futuro imediato, ainda não existe, pois não chegou...
Deixemos o segundo de lado e para esquentar a brincadeira nos apropriemos do centésimo de segundo...
É certo para você que o centésimo de segundo que passou não existe mais, passou...
É certo para você que o centésimo de segundo que ainda não ocorreu do futuro imediato, ainda não existe, pois não chegou...
Deixemos o centésimo de segundo de lado e vamos exagerar o exemplo...
É certo para você que o bilionésimo de segundo passado não existe mais, passou...
É certo para você que o bilionésimo de segundo que ainda não ocorreu do futuro imediato, ainda não existe, pois não chegou...
Pois bem em se pensando em bilionésimos de segundo onde estaria a linha do presente?
Onde está o presente e onde ele pode ser identificado, quando o bilionésimo de segundo do futuro imediato (que não existe) se transforma como por mágica em outra coisa que não existe (o bilionésimo de segundo passado)?
Mas se para nós é difícil explicar o tempo, para Deus, o criador do tempo e desta “ilusão” de consciência, nada é impossível.
Afinal as Escrituras nos ensinam que seja passado, seja futuro, seja presente, seja coisa criada, seja fato histórico, seja pensamento, seja o que for, Ele está antes de todas estas coisas e as sustenta.
"E Ele é antes de TODAS AS COISAS, e TODAS AS COISAS SUBSISTEM por Ele." Colossenses 1.17
Deixemos as brincadeiras lógicas de lado e voltemos ao que interessa... A saber que é lembrar que a Escritura nos apresenta um Deus soberano sobre o passado, presente e futuro.
"Tu (Deus) sabes TODAS AS COISAS..." João 21.17b
Deus não pode ser surpreendido por alguma coisa que Ele não tenha planejado ou que não esperava que ocorresse.
Diante desta frase é possível colocar contra a parede o argumento daqueles que para não aceitarem a predestinação absoluta, se apegam ao conceito da presciência divina.
Na tal presciência divina Deus não teria predeterminado todas as coisas, mas as teria visto e sabido delas de antemão, antes que ocorressem.
Todavia a presciência não resiste a um xeque-mate pois em última análise presciência e predestinação são “idênticas” e remetem igualmente ao conceito da predestinação absoluta.
Imagine que Deus antes da fundação do mundo, tenha previsto (visualizado antes) todas as possibilidades de um agir banal da minha parte.
E mais, imagine que Ele saiba inclusive qual escolha farei de um menu de opções banais possíveis.
Imagine agora que no último minuto, para enganar a Deus, eu resolva pelo meu livre arbítrio mudar de escolha... Deus será surpreendido?
Imagine agora que mesmo depois desta mudança de escolha no último minuto, ainda no último segundo eu mudo novamente de escolha e faço diferente... Deus será surpreendido?
Ora, por lógica, usando apenas este conceito manco da presciência, se Deus sabe de todas as coisas pois as previu (visualizou antes) da fundação do mundo, é lógico que Ele saberá que no último segundo eu mudaria de ação, e mesmo que ainda assim no último centésimo de segundo eu mude novamente, Ele ainda para ser presciente, terá que saber a última das últimas das minhas escolhas.
Ele antes da fundação do mundo, sendo Deus presciente, viu antes, que neste exato momento eu digitaria a letra X, mas antes de digitar X eu sorrateiramente resolvo digitar Y, mas no último segundo eu acabo digitando Z, e dou risadas e olho para Deus e digo "Te enganei.... Não?"
Ele rirá na minha cara e dirá "Se você acha que Eu sou presciente, então deves saber (do contrário és louco), que eu já sabia (pois antevi) que a tua última escolha seria este último movimento sorrateiro".
Logo ninguém pode surpreender a Deus.
Logo presciência pode ser usada para enganar mentes não muito cuidadosas com o que falam e pensam, todavia argumentar presciência ou argumentar predestinação absoluta dá no mesmo...
... Afinal, ninguém poderá fazer ou pensar ou agir ou falar de forma diferente daquilo que Deus antes da fundação do mundo já anteviu como seria feito, pensado, agido ou falado.
Logo tudo está absolutamente predeterminado pelo que Deus já anteviu como seria, se não for assim então Ele não seria presciente, nem onisciente, nem seria o Deus da Bíblia, nem poderia conhecer o futuro.
Este é o xeque-mate no livre-arbítrio: Ninguém pode surpreender a Deus, agindo no presente, de forma diferente do que Deus já anteviu “antes” (presciência), ninguém pode enganar a Deus, agindo no presente, de forma diferente dos decretos eternos de Deus (predestinação absoluta e constrangedora), ninguém pode ir contra a vontade de Deus.
"O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará." Isaías 14.24
Da mesma forma que Deus "brinca" em transformar o que não existe (futuro) em algo que igualmente não existe (passado) para nos dar a ilusão do que "não existe" (o presente)...
Da mesma forma Deus "brinca" em dar ao homem a sensação de ser livre no agir corriqueiro (livre-agência), e nos dá a sensação de ser livre na escolha entre o bem e o mal (livre-arbítrio).
Você pode espernear como achar que deve, todavia o xeque-mate está dado.
"Porventura gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele, ou presumirá a serra contra o que puxa por ela, como se o bordão movesse aos que o levantam, ou a vara levantasse como não sendo pau?" Isaias 10.15
Se você é um teimoso e não quer ser digamos "uma marionete" nas mãos de Deus, o problema é seu, o serás mesmo "sem querer querendo...".
Eu, diante de tais verdades, descanso em Deus, o louvo e tenho paz.
"Senhor, Tu nos dará a paz, porque Tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras." Isaías 26.12
Seja coerente, e te humilhe diante deste Deus, o Deus bíblico, não rias Dele dizendo na tua louca lógica "Tenho livre-arbítrio, farei como o meu coração deseja..."
"Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles (dos que consultam contra o Senhor Deus Pai e contra o seu ungido Deus Filho Jesus)". Salmos 2.2-4
Este argumento não é novo... mas o raciocínio é perfeito, só gostaria de dar uns conselhos, se quiser acatar...
ResponderExcluirÉ possível sentir um ar de soberba no ar, talvez minha percepção tenha me enganado, mas eu tive a impressão de que o texto se esforça mais em irritar e humilhar o oponente que acredita em livre-arbítrio do que preocupado em convencê-lo da verdade. Então meu conselho é: Tente transmitir a mensagem de uma forma menos competitiva, talvez eles te ouçam com mais facilidade! O Prof. de Apologética Jonas Madureira ensina que a Apologética envolve perder para ganhar, que devemos estar mais preocupador em convencer da verdade do que ganhar um debate.
E o segundo conselho é que ficou meio cansativo e extenso demais, ficou rodeando muito...
O argumento poderia ser apresentado da seguinte maneira:
Tente assim ->
1- Concordamos que Deus é Onisciente;
2- Sabemos que Deus é Presciente, pois ser Presciente faz parte do que é ser Onisciente;
3- Isso implica em Deus saber tudo o que vai acontecer, inclusive que vai para o céu ou não;
4- Se Deus sabe em vai pro céu ou não através da Presciência, o que ele faz é "Olhar" para um futuro que ainda não existe, e ler na história quem vai ou não;
5- Quem escreveu o que estava escrito que vai acontecer só pode ter sido o Próprio Deus;
6- Portanto, não faz sentido falar da Presciência de Deus sem acreditar em sua Predestinação.
"... este conceito manco da presciência ..." pelamor hein Pedro, pra que ensinar isso pra gente, pensei que você era cheio do Espírito Santo ...
ResponderExcluir"A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos;" Atos 2:23
"Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas." 1 Pedro 1:2
No próprio texto é dito que nós calvinistas concordamos que Deus é presciente, a presencia esta atrelada a oniciência divina, e esta é um dos atributos incomunicáveis de Deus. Ninguém nega isso, com exceção dos teísta abertos. Na verdade o que o texto diz é que o conceito ARMINIANO de presciencia é manco, o conceito arminiano e não o atributo divino.
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